Barca Velha, em espetáculo da vinho ...

Lançado há 60 anos pela primeira vez, em 1952, o vinho Barca Velha é um mito português, um dos grandes vinhos do mundo. Isso em um tempo em que praticamente a totalidade dos vinhos do Douro eram usados na elaboração de Porto. Produzido apenas nos anos excepcionais, está atracando no Brasil a décima sétima safra do Barca Velha, 2004, feito com em 40% de Touriga Nacional, 30% de Touriga Franca, 20% de Tinta Roriz e 10% de Tinto Cão, com 13,5% de álcool. Foram feitas 26.068 garrafas. Ontem Antônio Campos, da Zahil, que vende este vinho a R$ 1.400, abriu duas dessas joias em almoço realizado no Antiquarius, além de outros dois grandes vinhos da Casa Ferreirinha: Quinta da Leda e Reserva Especial. Ficou claro porque o Barca Velha é o Barca Velha, e o Reserva Especial, um vinhaço também, é o Reserva Especial. - Nos grandes anos no Douro produzimos o vinho, ainda sem saber se ele será Barca Velha ou Reserva Especial. Ao longo de sete anos o enólogo Luis Sottomayor vai analisando o vinho, até dedicir se este será Barva Velha ou Reserva Especial, e às vezes não é nem um, nem outro, e acaba diluído na Quinta da Leda - diz Antônio Campos. Degustar um Barca Velha é sempre um momento solene. O vinho é um legítimo puro-sangue: tem uma coloração escura e profunda, com muita expressão de frutas, como cerejas, amoras e ameixas, com delicioso frescor, com toques florais de violetas, e alguma especiaria. Na boca é volumoso, com taninos firmes, mas macios e redondos. Complexo, elegante e equilibrado, apresenta notas de menta, uma sensação elevada pela fantástica acidez, que lhe garante uma longevidade extrema: daqui a 50 anos provavelmente estará em plena forma. Mas já nos cencede imenso prazer ao ser degustado. Uma madeira usada com perfeição traz estrutura e uma boa paleta de aromas, que não tapa a explosão de frutas, com notas de cedro. Realmente R$ 1.400 é muito dinheiro para uma garrafa de vinho. Mas, em Portugal, o preço anunciado para o Barca Velha 2004 é de 100 euros. Aí, dá para comprar com um sorriso largo no rosto. Só é difícil achar este vinho em lojas. Em Lisboa, tente na Garrafeira Nacional. Para terminar, fica o aviso: na próxima semana publico aqui nesta Enoteca uma reportagem que fiz para o Globo a Mais, versão do jornal exclusiva para o i-Pad, tratando da linha de vinhos da Casa Ferreira, com cada um dos rótulos comentados pelo enólogo da vinícola, Luís